sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

QUANDO OS FILHOS VOAM…






"Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem 
de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. 
Eu mesmo sempre os empurrei para fora.
Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções,
 como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios 
ninhos e eu fique como o ninho abandonado
 no alto da palmeira…
Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los 
de novo dormir no meu colo…
Existem muitos jeitos de voar.
 Até mesmo o voo dos filhos ocorre por etapas. 
O desmame, os primeiros passos, 
o primeiro dia na escola, a primeira dormida
 fora de casa, a primeira viagem…
Desde o nascimento de nossos filhos,
 temos a oportunidade de aprender sobre
 esse estranho movimento de ir e vir,
 segurar e soltar, acolher e libertar. 
Nem sempre percebemos que esses momentos 
tão singelos são pequenos ensinamentos 
sobre o exercício da liberdade.
Mas chega um momento em que a realidade bate
 à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. 
É o grito da independência, a força da vida em movimento,
 o poder do tempo que tudo transforma.
É quando nos damos conta de que nossos filhos
 cresceram e apesar de insistirmos em ocupar
 o lugar de destaque, eles sentem urgência de conquistar
 o mundo longe de nós.
É chegado então o tempo de recolher nossas asas. 
Aprender a abraçar à distância, comemorar vitórias
 das quais não participamos diretamente, 
apoiar decisões que caminham para longe.
 Isso é amor."
Rubem Alves





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