segunda-feira, 6 de maio de 2013

FAXINA INTERIOR



Estava precisando fazer uma faxina em mim… 
Jogar alguns pensamentos indesejados fora,
 lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados. 
Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais. Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões.
 Papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei.
 Joguei fora a raiva e o rancor das flores murchas 
que estavam dentro de um livro que não li.
 Olhei para meus sorrisos futuros e minhas alegrias pretendidas 
e as coloquei num cantinho, bem arrumadinhas,
 com bastante cuidado. 
Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: 
paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras
 que nunca queria ter dito, mágoas, lembranças de um dia triste.
 Mas lá também havia coisas e boas. 
Aquela lua cor de prata, um pôr do sol, uma música.
 Fui me encantando e me distraindo,
 olhando para cada uma daquelas lembranças.
 Aí, sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas. 
Joguei direto no saco de lixo os restos daquilo que pensei ser amor; peguei palavras cheias de mágoas que estavam na prateleira
 de cima, e também joguei fora, no mesmo instante.
 Outras coisas que ainda me ferem, coloquei num canto
 para depois ver o que farei com elas, talvez as mande para o lixão.
 Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta 
que a gente guarda tudo o que é mais importante: 
o Amor, a Alegria, os Sorrisos e a Fé.
 Arrumei com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho 
os desejos, coloquei perfume na esperança,
 passei um paninho na prateleira das minhas metas,
 deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
 Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância,
 na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar e de recomeçar.
 
 
 
 

INQUIETUDE


Tenho uma sede que não cessa e uma dificuldade 
imensa em escolher um destino.
 Tenho uma curiosidade que me deixa
inquieta e uma vontade de percorrer 
todos os caminhos que não tem fim.
Alimento a idéia fixa de desfrutar coisas que ainda
nem sei e o sonho de habitar em lugares onde nunca estive.
Tenho vontades para suprir e um monte de janelas para abrir.
Sem saída, aceito minha condição restrita,
mas faço ser intenso tudo que já conheci.
Posso até ser limitada do lado de fora,
mas as minhas recordações não me deixam mentir:
aqui dentro o espaço é IMENSO.

Fernanda Gaona