sexta-feira, 9 de setembro de 2011


Anjos

"Tem gente que é só passar pela gente que a gente fica contente.
Tem gente que sente o que a gente sente e passa isto docemente.
Tem gente que vive como a gente vive. Tem gente que fala e nos
olha na face, tem gente que cala e nos faz olhar.
Toda essa gente que convive com a gente,
leva da gente o que a gente teme passa a ser gente dentro da gente.
Um pedaço da gente em outro alguém."
                                                                                                                      Fernando Sabino

INDEPENDÊNCIA OU MORTE

glitters


Tem uma série de coisas que a gente deseja na vida: uma profissão que nos realize, uma intensa vida afetiva, viagens, amigos, descobertas. Mas se eu tivesse que resumir em uma única palavra o que considero a mais importante conquista, esta palavra seria independência.

Começou a contagem regressiva para o 7 de setembro, dia em que se comemora a independência do Brasil. No entanto, prefiro comemorar a minha, a sua, a nossa.

Não há quem não sonhe em trabalhar por conta própria, ser patrão de si mesmo. Os que conseguem não trocam por nada. Como conseguir isso? Dominando um ofício, indo além do que os outros aprenderam, fazendo as coisas do seu próprio jeito, arriscando. Parece difícil, e é. E mais difícil ainda é ser independente no amor.

Paixão não entra nessa conversa. Quando estamos apaixonados somos todos dependentes de telefonemas, de e-mails, de declarações, de presença constante. Já o amor, que é um estágio posterior, mais sereno e seguro que a paixão, permite o desenvolvimento da independência. Você não precisa estar em todos os lugares que o seu amor está, você não precisa concordar com tudo o que ele pensa, você não precisa abdicar dos seus projetos, você se sustenta, você conta, você existe.

Tem gente que abre mão disso por puro comodismo. Prefere ser uma sombra, um sparing . Defende-se dizendo que não tem outro jeito. Mentira. É uma escolha.

Ir sozinha ao cinema. Viajar. Pagar sua dívidas. Dirigir. Não afligir-se (tanto) com a opinião alheia. Saber cozinhar pra si mesmo, entreter-se com hábitos solitários como a leitura, pegar um táxi, resolver os próprios problemas, tomar decisões com confiança. Não “precisar” dos outros, e sim contar com os outros para aquilo em que eles são insubstituíveis: companhia, sexo, risadas, amizade, conforto.

Se você ainda não atingiu este estágio, suba num cavalo imaginário e dê seu grito do Ipiranga. Ficar amarrado à vida alheia faz você viver menos a sua. Nada de fazer-se de desentendida só para não se incomodar. Incomode-se. Dependência é morte.


                                                                                        Martha Medeira