quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

DEFINITIVO

 






"Definitivo, como tudo o que é simples.
 Nossa dor não advém das coisas vividas, 
mas das coisas que foram sonhadas 
e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente
esquecemos o que foi desfrutado e passamos 
a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, 
por todas as cidades que gostaríamos de ter
 conhecido ao lado do nosso amor e não 
conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos
 de ter tido junto e não tivemos, por todos
 os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter 
compartilhado, e não compartilhamos. 
Por todos os beijos cancelados, 
pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante 
e paga pouco, mas por todas as horas livres
 que deixamos de ter para ir ao cinema, 
para conversar com um amigo, para nadar, 
para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, 
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias
 se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, 
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, 
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
 impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, 
todas aquelas com as quais sonhamos
 e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? 
O certo seria a gente não sofrer, 
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa
 tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso 
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
 um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
 A resposta é simples como um verso: 
Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que 
o desperdício da vida está no amor que não damos,
 nas forças que não usamos, na prudência
 egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se
 do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. 
O sofrimento é opcional"...
Marthas Medeiros