terça-feira, 1 de maio de 2012

OPERÁRIO



Nas madrugadas nuas,

Vestem-se as ruas,

De donos sem nome,
Correndo da fome.

São apenas homens
Rogando salários,
Que como operários
No trabalho somem.

É João! É José!
Empunhado a colher
Nutrido de fé.
Constrói o que der,
Não é o que quer.

Mas quer o seu dono
Dos altos vitrais.
Vislumbram a paz
Sonhadores que são,
Mas com o pé no chão.

O sonho fenece.
A esperança lhe esquece.
Sobram-lhes as mãos
Com a obra acabada,
Lustrada a fachada,
Pra que serve João?

José nem se fala!
Carrega num saco,
A sua profissão.
De volta ao barraco
Ficou para traz,
Palácio e vitrais,
E a doce ilusão.

O prédio lustrado,
É hoje morado,
Por dono e patrão.

Já é outro dia!
Acorda Maria!
Chamando o João.
José já espera,
Em frente à tapera,
Com o seu matolão.
Com seus utensílios
Beijo nos filhos
Da mulher beija a mão.
Partem para a lida,
Teimando com a vida,
Em busca do pão.

                                                   Francisco Sobreira Filho

PARABÉNS, TRABALHADOR!



A importância do trabalho para a definição do ser humano e do ser social perpassa, primordialmente, pela definição da espécie humana.
Humanizar-se é distinguir-se dos animais e tornar-se humano. 
Sociabilizar-se é adquirir condições para viver em sociedade
É a partir da transformação de objetos em produtos
 que prolonguem e facilitem a sua vida que o homem se distingue dos outros animais e pode ser considerado "humano". 
Eis a chave da humanização.
Mas quem vai considerá-lo ser humano senão seus iguais? 
O divisor de águas, nesta perspectiva,
 é a produção, o esforço para melhorar a qualidade da sua própria vida.
 Á medida que o faz, o homem contribui para melhorar a vida dos demais integrantes da comunidade em que está inserido, pois o seu trabalho resulta em objetos ou serviços por eles utilizados."
O primeiro ato histórico destes indivíduos, pelo qual se distinguem dos animais, não é o fato de pensar, mas o de produzir seus meios de vida" 
A eficácia da produção individual depende da perseverança na prática do ofício e da sua requalificação, atingindo a legitimação do indivíduo perante a sociedade para a qual ele serve.
  Essa relação interpessoal, produzida no entorno do trabalho, seja no seu ambiente ou fora dele, seja por causa dos seus produtos ou serviços, representa a própria sociabilidade. 
Em outras palavras, o ser social é aquele que adapta
 a Natureza aos seus meios de vida em sociedade.
Observa-se, então, que a efetivação, tanto da humanização, como da sociabilidade, é diretamente proporcional ao esforço de cada elemento, no sentido de servir e ser servido coletivamente.
 Logo, o homem não nasce homem, mas aprende a ser humano, 
vivendo numa sociedade produtora de bens e serviços, produzindo sua própria sobrevivência e a da sociedade onde vive.