sexta-feira, 22 de junho de 2018

POEMA DA BOCA FECHADA







"Não direi: 
Que o silêncio me sufoca e amordaça. 
Calado estou, calado ficarei, 
Pois que a língua que falo é de outra raça. 


Palavras consumidas se acumulam, 
Se represam, cisterna de águas mortas, 
Ácidas mágoas em limos transformadas, 
Vaza de fundo em que há raízes tortas. 


Não direi: 
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, 
Palavras que não digam quanto sei 
Neste retiro em que me não conhecem. 


Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, 
Nem só animais bóiam, mortos, medos, 
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam 
No negro poço de onde sobem dedos. 


Só direi, 
Crispadamente recolhido e mudo, 
Que quem se cala quando me calei 
Não poderá morrer sem dizer tudo".
José Saramago









O VALOR DA AUTOESTIMA








"As corporações valorizam mais a auto-estima
 do que a competência.
Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. 
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor,
 minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser. 
O cara mal educado dava uma gorjeta alta,
 para conquistar o respeito do garçom. 
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, 
o objetivo de vida se tornou parecer. 
As pessoas parece que sabem, parece que fazem, 
parece que acreditam. 
E poucos são humildes para confessar que não sabem.
A gente não é super-herói nem superfracassado.
A gente acerta, erra, tem dias de alegria
 e dias de tristeza".
Roberto Shinyashiki