quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OS TRÊS LEÕES




 

Numa determinada floresta havia três leões. 
Um dia o macaco, representante eleito
dos animais súditos, fez uma reunião com toda 
a bicharada da floresta e disse:
- Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, 
mas há uma dúvida no ar:
existem três leões fortes. Ora, a qual deles nós
 devemos prestar homenagem?
Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei?
Os três leões souberam da reunião e comentaram entre si: 
- É verdade, a preocupação
da bicharada faz sentido, uma floresta não pode ter três reis,
 precisamos saber qual de nós será o escolhido.
 Mas como descobrir? Essa era a grande questão: lutar
entre si eles não queriam, pois eram muito amigos.
 O impasse estava formado.
 De novo, todos os animais se reuniram para discutir
 uma solução para o caso.
 Depois de usarem técnicas de reuniões do tipo brainstorming, 
etc. eles tiveram uma idéia excelente. 
O macaco se encontrou com os três felinos 
e contou o que eles decidiram:
- Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora
 para o problema. A solução está na Montanha Difícil.
- Montanha difícil? Como assim?
- É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês
 três deverão escalar a Montanha Difícil. O que atingir o pico primeiro
 será consagrado o rei dos reis.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela
 imensa floresta. O desafio
foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram
 a Montanha para assistir a grande escalada.
O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.
O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.
O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.
Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal,
 qual deles seria o rei, uma vez
que os três foram derrotados? Foi nesse momento
 que uma águia sábia, idosa na idade
e grande em sabedoria, pediu a palavra:
- Eu sei quem deve ser o rei!!! Todos os animais fizeram 
um silêncio de grande
expectativa. - A senhora sabe, mas como? Todos gritaram para a Águia.
- É simples, - confessou a sábia águia, 
-Eu estava voando entre eles, bem de perto
e, quando eles voltaram fracassados para o vale,
 eu escutei o que cada um deles disse para a montanha.
O primeiro leão disse:
 - Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse:
 - Montanha, você me venceu!
O terceiro leão também disse:
 - Montanha, você me venceu, por enquanto! Mas você,
montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo.
- A diferença,  completou a águia,  é que o terceiro leão teve
 uma atitude de vencedor diante da derrota e quem pensa assim 
é maior que seu problema: é rei de si
mesmo, está preparado para ser rei dos outros. 
Os animais da floresta aplaudiram
entusiasticamente ao terceiro leão que foi coroado rei entre os reis.


ADVENTO, TEMPO DE FAXINA INTERIOR






As estações da natureza nos ensinam a reconciliar em nosso
 coração o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé.
 Advento é o tempo da espera. Ainda não é Natal, 
mas antecipa a alegria desta festa. Viver cada tempo litúrgico
 com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo
 que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico
 exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo 
que vem ao nosso encontro.

Esperar é uma alegria antecipada de algo que ainda não chegou.
 A mulher grávida vive na alma a felicidade antecipada pela vida
 que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. 
A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo
 seja único. Os casais apaixonados esperam o momento do encontro.
 As famílias organizam a casa no cuidado da espera dos parentes
 que vão chegar. Esperar é uma metáfora do cotidiano da vida.
 No contexto do Advento, a espera ganha
 tonalidades alegres e sóbrias.

Casa mal arrumada não é adequada para acolher os amigos e 
familiares que irão chegar. Jardim sujo não pode se tornar um 
canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo
 de cuidado, tempo de organização.
No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual.
 Chegando ao final de mais um ano, muitos corações
 se encontram totalmente bagunçados. Raivas armazenadas
 nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja, 
tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo
 gerada no silêncio do coração.

Enquanto as lojas fazem o balanço, somos convidados a fazer o balanço de nossa situação emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a sermos mais humanos acada dia.
Casa mal arrumada não é local adequado
para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço para acolher quem chega. Neste tempo do advento, a faxina da espera deve remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige um coração novo.

Jesus, com Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor, abria as janelas da vida que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar, devolvia às flores já secas pelas dores e tristezas as alegrias da ressurreição, semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da paz.
No Advento da Vida, as estações do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do Cristo que vem. 
Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, 
as sementes da esperança irão germinar no tempo
 que lhes cabe e o Amor irá nascer
 nas alegrias da chegada.
Padre Flávio Sobreiro