domingo, 19 de agosto de 2012

SABER OUVIR


"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute
 de maneira calma e tranqüila. Em silêncio. 
Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você".
 A gente ama não é a pessoa que fala bonito.
 É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita
 quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta.
 É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta
 que ele termina. Não aprendi isso nos livros. 

ATALHO

Não é a toa que entendo os que buscam caminho. 
Como busquei arduamente o meu! E como hoje busco
 com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, 
o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. 
Eu que tinha querido. O caminho, com letra maiúscula, 
hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, 
de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes
 e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja
 finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei de uma coisa;
meu caminho não sou eu, é o outro, são os outros.
Quando eu puder sentir plenamente o outro, estarei salva 
e pensarei: eis o meu porto de chegada.
                                                        Clarice Lispector

15 DE AGOSTO- ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA



A Assunção de Maria constitui uma particular participação na
 ressurreição de Cristo. Na liturgia hodierna, São Paulo põe em 
relevo esta verdade, anunciando o júbilo pela vitória sobre a 
morte, restituída por Cristo com a sua ressurreição. 
“É necessário que Ele reine, até que haja posto todos os inimigos
 debaixo dos Seus pés. O último inimigo a ser destruído será
 a morte” (1 Cor 15, 25-26).
 A vitória sobre a morte, que se tornou evidente no dia da
 ressurreição de Cristo, hoje diz respeito, de modo particular, 
à Sua Mãe. Se a morte não tem poder sobre Ele – ou seja, sobre o
 Filho – a tampouco o pode ter sobre a Mãe, isto é, sobre aquela
 que lhe deu a vida terrena.
“Maria é elevada ao céu: exultam as Plêiades dos anjos”, 
proclama a liturgia hodierna na aclamação ao Evangelho. 
Mas exultam também as multidões de homens de todas as partes
 do mundo. E são numerosas as nações que consideram a
 Mãe de Deus como sua Mãe e Rainha. O mistério da Assunção
 está relacionado, de fato, ao da sua coroação como Rainha 
do céu e da terra. “A filha do rei é toda esplendor” – como anuncia o
 Salmo responsorial da liturgia de hoje (Sl 44/45, 14) – para ser
 elevada à direita do seu Filho: “Resplandece a rainha, Senhor, à Tua direita” Refrão do Salmo responsorial.