segunda-feira, 11 de julho de 2011

O AMOR


Anjos: 4


Quando o amor vier a ter convosco, recebai-o.
Embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos.
Quando as suas asas vos envolverem,
abraçai-o, embora a espada oculta sob suas asas vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai,
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento 
devasta o jardim.
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará.
Assim como é para o vosso crescimento, também é para a vossa decadência.

Mesmo que ele suba até vós e acaricie seus mais tenros ramos que tremem ao sol,
Também até suas raízes ele descerá. E as sacudirá, enquanto elas se agarram a terra...


Todas estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso coração,
E com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da vida.
Mas, se receosos procurardes somente a paz do amor e o prazer do amor,
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor.
Saiais para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo 
o vosso riso.
E chorareis, mas não com todas as vossas lágrimas.

O amor só se dá a si e não tira nada, senão de si...
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor basta-se a si próprio...

Quando amardes não deveis dizer: "Deus está no meu coração",
Mas antes, "Eu estou no coração de Deus".
O amor não tem outro desejo, que não seja de preencher a si próprio.

Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos:
Fundir-se. E ser como um regato que corre e canta sua melodia 
para a noite.

Amai e amai sempre. Para conhecer a dor de tanta ternura,
E ser ferido pela vossa própria compreensão do amor.
Amai para sangrar com vontade, e alegremente.
Amai para despertar de madrugada com um coração alado,
E dar graças a Deus por mais um dia...

                                                 Khalil Gibran em O Profeta

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