"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo
já vivido, (mal vivido talvez ou sem sentido)...
Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado
às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas,
(a começar pelo seu interior)...
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende,
se trabalha, você não precisa beber champanha
ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens...
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções,
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras
consumadas, nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança:
a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo
claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações, liberdade com
cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo.
Eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre".
Carlos D. de Andrade
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