A vida tem cores que por vezes não percebemos, tem sons que nem
sempre ouvimos, tem sabores que não provamos, armadilhas que nós mesmos
armamos, e caminhos, muitos caminhos,
que ainda não
percorremos...
Falta-nos tempo para apreciar os detalhes. Assim deixamos o tempo, precioso tempo, escorrer pelos dedos da mão.
Filhos que crescem e não percebemos, amores que vão se desfazendo, caindo na rotina massacrante, e não nos damos por conta.
Envelhecemos e abandonamos nossos sonhos, passamos pela vida e
reclamamos. Um ano começa e quando vemos, já acabou
sem ao menos termos
vivido.
Nossas orações são ladainhas repetidas, expressões vazias da nossa desilusão. Deus no trono distante, nós na terra errantes.
Não há mais tempo para a vida, apenas para os compromissos inadiáveis
da nossa agonia. Somos empurrados pelo consumismo, somos esmagados
pelas dividas, pelo preço de viver.
Na luta diária pela sobrevivência não há tempo:
Para poesia, flores, sentar no chão, andar descalço, comer com a mão,
namorar na praça, andar sem direção, ter com Deus uma comunhão.
Estamos fugindo do encontro crucial entre nós e os nossos sonhos,
entre o que queremos e o que não temos, entre o que imaginamos e o que
é.
E fica no ar a pergunta...
Para Onde Vamos?
Paulo Roberto Gaefke
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