domingo, 4 de novembro de 2012

MILHO DE PIPOCA



 


Popcorn popping in slow motion.



Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua
a ser milho para sempre.

Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas.
Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser
 é o melhor jeito de ser.
 Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação
que nunca imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai,
a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo,
 o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela,
lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou:
 vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma,
ela não pode imaginar um destino diferente para si.

Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada
para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a
grande transformação acontece: BUM!
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente,
 algo que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda
 temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.
Rubem Alves











Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consegue, sinta-se grato(a) pelas mudanças que já realizou.

Amor e Paz para você! 






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