terça-feira, 1 de maio de 2012

OPERÁRIO



Nas madrugadas nuas,

Vestem-se as ruas,

De donos sem nome,
Correndo da fome.

São apenas homens
Rogando salários,
Que como operários
No trabalho somem.

É João! É José!
Empunhado a colher
Nutrido de fé.
Constrói o que der,
Não é o que quer.

Mas quer o seu dono
Dos altos vitrais.
Vislumbram a paz
Sonhadores que são,
Mas com o pé no chão.

O sonho fenece.
A esperança lhe esquece.
Sobram-lhes as mãos
Com a obra acabada,
Lustrada a fachada,
Pra que serve João?

José nem se fala!
Carrega num saco,
A sua profissão.
De volta ao barraco
Ficou para traz,
Palácio e vitrais,
E a doce ilusão.

O prédio lustrado,
É hoje morado,
Por dono e patrão.

Já é outro dia!
Acorda Maria!
Chamando o João.
José já espera,
Em frente à tapera,
Com o seu matolão.
Com seus utensílios
Beijo nos filhos
Da mulher beija a mão.
Partem para a lida,
Teimando com a vida,
Em busca do pão.

                                                   Francisco Sobreira Filho

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