“No meu coração, eu me perdoo pelas
bobagens desastrosas que fiz.
Pelas escolhas equivocadas, das quais eu me
arrependo à beça.
Por ter ferido lindezas, sem querer.
Por ter deixado ir embora gente querida
que adorei ter conhecido.
No meu coração, eu me perdoo pelas vezes em
que dei tanto poder ao outro e esqueci o meu.
Por deixar roubarem, sem compaixão,
os meus lápis de cor preferidos.
Por chamar de amor o que contraria a essência dele...
A cara dele...
A luz que ele tem.
No meu coração, eu me perdoo por não
ter dito o que certamente hoje eu diria.
Por não ter tido sensibilidade para compreender
preciosidades que me foram ditas sem palavras.
Por me faltar em instantes em
que precisei tanto de mim.
Por, às vezes, faltar ao outro,
quando ele mais precisava.
No meu coração, eu me perdoo por demorar
tanto a descobrir o que mais me importava.
Por em tantos momentos dar prioridade
ao que não merecia.
Pelas vezes em que agi de modo tão
contraditório às minhas próprias crenças.
Pelos momentos em que permiti que fizessem
bagunça com o que era tão precioso.
Foi por medo...
Ingenuidade...
Ignorância...
Confusão.
Lá, era tudo que eu sabia.
Lá, era tudo que eu podia.
Aprendiz, eu me abençoo, no meu coração.”
Ana Jácomo
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