Guarde bem este nome: oleuropeína. A
substância, encontrada
no azeite de oliva extravirgem, é
a nova arma da nutrição
para evitar e combater a osteoporose, doença que acelera a
perda de massa óssea.
O cálcio que se cuide, porque seu posto solitário de
melhor
companheiro doesqueleto anda ameaçado. Calma, o
mineral
não vai perder seu lugar de destaque como protetor dos
ossos -
muito longe disso. A questão é que a ciência descobre fortes
concorrentes para dividir com ele essa
prestigiada
posição. É o caso da
oleuropeína, presente no azeite de oliva.
Um estudo da Universidade de Córdoba, na Espanha, revela
que esse tipo de
polifenol
aumenta a quantidade de osteoblastos, células que
fabricam
osso novinho em folha. Consumi-la , portanto, traria imensas
vantagens para manter o arcabouço do corpo em pé
ao
longo da vida.
“O tecido ósseo é
dinâmico, destruído e construído
constantemente”, explica o geriatra Rodrigo Buksman, do
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, em Brasília.
Os osteoblastos ajudam justamente a realizar areconstrução. É como se fossem a massa corrida
colocada na parede para tapar os furos que aparecem com o tempo.
Sem
essas células, os buracos
ficam maiores, os ossos se
enfraquecem e cresce o risco de fraturas.
O envelhecimento e a
menopausa provocam uma queda na
concentração de osteoblastos no organismo.
Daí a importância da
reposição desses construtores, que recebem um belo
reforço com a inclusão do azeite de oliva
extravirgem
no dia a dia, a melhor fonte de oleuropeína.
“Aos 30 anos
nosso corpo atinge a quantidade máxima de
massa óssea
e, a partir daí, começa a
perdê-la”, nota o
ortopedista Gerson Bauer, do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, em
São Paulo. Por isso é que se diz que a
prevenção da osteoporose se inicia muito antes da
maturidade. “Essa doença se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea,
o que
torna os ossos mais frágeis e propensos às
fraturas”,
arremata a nutricionista Clarisse Zanette, mestre em
ciências
médicas pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Com o azeite, no mínimo, esse processo destrutivo
demora
mais tempo para ocorrer. E, se alguém quiser substituir
sua
fonte de oleuropeína de
vez em quando, saiba que existe mais
uma opção. “A substância também
é fornecida pela azeitona, de onde o óleo é
extraído”, diz Clarisse.
Não são
apenas os ossos que se deliciam quando saboreamos um
prato regado a azeite. O coração também se beneficia,
porque suas
veias e artérias ficam
livres de entraves. “A gordura
monoinsaturada, principal constituinte
do óleo, interfere nos
receptores do fígado que captam o colesterol
circulante”, explica o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital
do
Coração, em São Paulo. “Assim,
há uma redução nas taxas da
sua versão
ruim, bem como de sua quantidade total.” Já os compostos
fenólicos do azeite diminuem a oxidação do
colesterol, processo crucial para a formação das placas
que obstruem as artérias e causam as doenças
cardiovasculares. “Esse poder se deve à sua intensa
atividade antioxidante”, justifica a
cardiologista Paula
Spirito, do Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro.
“Esses
compostos impedem que os radicais livres - moléculas que
provocam danos às células - oxidem o colesterol e
contribuam com
o aparecimento de placas nos vasos.” A
circunferência abdominal é
outra que agradece o consumo
do azeite. É que o alimento ajuda a
evitar a
inflamação de uma área do cérebro chamada
hipotálamo.
A inflamação é provocada por
dietas ricas em
gorduras saturadas, presentes nas carnes e nos
produtos
de origem animal.
Como o hipotálamo é o
órgão responsável pelo controle da fome
e do gasto energético, não é um exagero dizer que o
óleo de oliva
auxilia a manter a harmonia na massa cinzenta e,
assim, a afastar
os quilos a mais.
Além disso, ele acelera a
produção de um hormônio chamado
GLP 1, que age no cérebro aumentando a saciedade e
reduzindo o apetite.
A oleuropeína - voltamos a falar dela - tem
participação no pelotão
antiinflamatório.
“Esse polifenol tem propriedades antioxidantes
significativas,
inibe a agregação de plaquetas e reduz a
formação de
moléculas inflamatórias em
todo o corpo”, afirma a nutricionista Mércia
Mattos, da
Faculdade de Medicina de Marília, no interior paulista.
Tantas propriedades se refletiriam em um menor risco de uma
porção
de males, entre eles infartos e derrames. Por
falar em proteção, vale destacar, ainda, que esse
antioxidante também resguarda as mitocôndrias, estruturas
dentro das
células responsáveis pela
obtenção de energia - dessa forma, fica mais
difícil uma célula se aposentar antes da hora.
Quando regamos o prato com azeite extravirgem, porém, não
ganhamos apenas boas doses de oleuropeína. O tempero é
uma ótima fonte de vitamina E. “Esse nutriente retarda o
envelhecimento das células, diminuindo o risco de
tumores e
doenças do coração”, aponta a nutricionista
Soraia Abuchaim, do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande
do Sul. O melhor é que, para desfrutar de tudo isso, bastam 2
colheres por dia. Mas tem que ser do tipo extravirgem, que concentra
maiores teores da substância.
De preferência, use-o
em saladas e ao finalizar pratos quentes - o azeite não gosta
de calor e, se for lançado ao fogo, perde grande parte de suas
qualidades. E só o sabor, nesse caso, não basta, certo?
Dra. Maria Dora Ruiz Temoche
