Jesus e as tradições judaicas (Mt 15,1-20; Lc 11,37-41) -
Os fariseus e alguns doutores da Lei vindos de Jerusalém
reuniram-se à volta de Jesus, e viram que vários dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
É que os fariseus e todos os judeus em geral não comem sem
ter lavado e esfregado bem as mãos, conforme a tradição dos antigos;
ao
voltar da praça pública, não comem sem se lavar; e há muitos outros
costumes que seguem, por tradição: lavagem das taças, dos jarros e das
vasilhas de cobre. Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e
doutores da Lei: «Porque é que os teus discípulos não obedecem à
tradição dos
antigos e tomam alimento com as mãos impuras?»
Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas,
quando escreveu:
- Este povo honra-me com os lábios,
- mas o seu coração está longe de mim.
- Vazio é o culto que me prestam
- e as doutrinas que ensinam
- não passam de preceitos humanos.
Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à
tradição dos homens.»
E acrescentou: «Anulais a vosso bel-prazer o mandamento de Deus,
para observardes a vossa tradição. Pois Moisés disse: Honra teu pai
e tua mãe; e ainda: Quem amaldiçoar o pai ou a mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: "Se alguém afirmar ao pai ou à mãe:
‘Declaro Qorban’ - isto é, oferta ao Senhor - aquilo que poderias
receber de mim...", nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, anulando a palavra de Deus com a tradição que tendes transmitido.
E fazeis muitas outras coisas do mesmo género.»
Chamando de novo a multidão, dizia: «Ouvi-me todos e procurai entender. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro.
Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro.
Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça.»
Quando, ao deixar a multidão, regressou a casa, os discípulos interrogaram-no acerca da parábola. Ele respondeu:
«Também vós não compreendeis? Não percebeis que nada do que, de fora, entra no homem o pode tornar impuro, porque
não penetra no coração mas sim no ventre, e depois é expelido em lugar
próprio?
» Assim, declarava puros todos os alimentos.
E disse: «O que sai do homem, isso é que torna o homem impuro.
Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios,
ambições, perversidade, má fé, devassidão, inveja, maledicência,
orgulho, desvarios. Todas estas maldades saem de dentro
e tornam o homem impuro.»
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