Oh, que saudades eu tenho,
da minha infância esquecida,
nos muitos anos atrás.
Saudade das pessoas queridas,
das muitas brincadeiras vividas,
com vacas, bois e currais,
feitos de banana, paus e bambus,
numa criatividade singela e pura,
capaz de comover
até à pessoa mais "dura".
Saudades de correr pelos verdes campos
do sítio, onde nasci.
Tomar leite quentinho ao pé da vaca,
pegar frutas no pé, no lugar onde vivi,
os doces folguedoas da infância.
Esconder debaixo dos cafezais,
buscando na sombra a frescura
e força para brincar mais e mais..
Oh, que saudades eu tenho
da garapa gostosa
moída no velho engenho.
Oh, que saudades de comer "mulatinhas",
feitas com carinho pelo papai.
Oh, que saudades desses tempos,
que os anos não trazem "mais".
Trabalho de criança é brinquedo.
ìamos( eu e meus irmãos) buscar lenha no mato,
na volta, parávamos no açude,
debaixo de um arvoredo,
para descansar e matar a sede.
E aí, esquecíamos da vida!
Voltávamos à realidade com gritos aflitos.
Era a mamãe ansiosa,
temendo qualquer imprevisto.
Afinal, cobras e outros bichos
eram comuns naqueles matos.
"Oh, que saudades eu tenho,
da minha infância querida,
que os anos não trazem mais".
da minha infância esquecida,
nos muitos anos atrás.
Oh, que saudades,
das brincadeiras de roda e pique esconde
com crianças que vinham não sei de onde.
Em noites enluaradas,
enquanto nossos pais papeavam,
numa vida que se arrastava,
lenta e sossegada,
sem a correria de agora,
na calma de outrora.
ouvíamos histórias de arrepiar,
de lobsomem e bruxas,
mulas sem cabeça e saci,
muitas histórias esdrúxulas,
capazes de assustar
até Sanção e David.
Oh, que saudades eu tenho,
da minha infância esquecida,
nos muitos anos atrás.
Infância querida,
que os anos não trazem mais.
Au. Vera L. Gomes
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